reflexões

A qualquer hora iremos nos deparar com o espelho, e o que veremos? Nosso simples reflexo, o reflexo do que imaginamos que somos, ou o reflexo do que outros veem na gente? Sim, um bom tema para "reflexão".

Nagarjuna, um dos filósofos budistas mais importantes depois do Buda histórico, afirmava que a realidade das coisas são meros reflexos de nossa imaginação e que não existe realidade externa a nossa mente. Isso mesmo, vivemos numa matrix criada por nos mesmos.

Ao olharmos no espelho podemos estar vendo a reflexão do mais belo, do melhor, do diferenciado, mas será que somos isso na existência construída pelo imaginário d´outros? Será que nosso ponto de vista não é soberba, será que ao imaginarmos perfeição em nós, não estaremos involuntariamente depreciando nosso semelhante na mesma proporção que nos supervalorizamos? Será que ao fazermos juízo de valor dos outros, estamos sendo justos com eles e com nossa existência? Quando vemos o feio noutro, será que não estamos vendo o feio que existe em nós. Será que ao vermos o mal n’outrem, não estamos vendo o mal em nós mesmos?  Ou seja, se tudo é reflexo do nosso próprio eu no que enxergamos nos outros, não deveriamos procurar o belo no feio, o bem no mal, o equilíbrio entre o preto e o branco, o positivo e o negativo, entre nós e os outros?

Se a lei da causalidade é um resultado do efeito de uma causa sobre um pensamento, mesmo que silencioso à nos mesmos, a criação do nosso "eu" não pode vir acompanhada por aflições ou emoções negativas geradas pelo nosso ego, como o apego, aversão e inveja. Precisamos identificar e abandonar as causas do sofrimento, usando como antidoto a reflexão sobre o amor e sobre os diferentes aspectos de nossa realidade, pois pensamentos negativos nos levam a ignorância, e a ignorância é a raiz de todos os males.

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Mas se somos o que criamos, por que na maioria das vezes criamos pessoas defeituosas, com doenças, limitações e pensamentos limitantes? Talvez a resposta seja simples, talvez complicada, tudo dependerá de nossas reflexão (meditação). O budista afirma que, cada pessoa decide o que é verdade através de sua óptica e que quando a verdade alheia não coincide com a nossa, não devemos contrapô-la, mas refletir, interpretar e aprender com a diferença, pois o objetivo da vida é nos tornarmos sábios. E sabedoria o que é? Sabedoria é saber que nada sabe, ou seja, ser humilde para aprender sem glorificar-se,  sem vaidade, pois a iluminação só vem quando compreendemos que a ausência da existência é o que caracteriza a sabedoria, e a sabedoria remove a ignorância e todas emoções aflitivas de nosso eu.

Nossa realidade é tão vasta e múltipla, que o simples exercício de refletir sobre os aspectos impuros de nosso pensamento, pode diminuir nossas vaidades e arrogâncias de nos acharmos melhor que os outros e, tornarmo-nos mais sábios. Até podemos ter a utopia de querermos alcançar a iluminação plena, mas para isso é preciso abdicar do sou, do posso, do tenho e  de todas máculas de nossa mente, pois é preciso ter consciência de que toda sua opinião sobre os outros e sobre o que você mesmo, nada mais é do que o reflexo que você construiu em sua imaginação.

Este é um assunto muito complicado mesmo, pois se sabedoria é saber que nada sabe, ai venho com este texto louco, sem pé nem cabeça. Quem sabe seja o que você está pensando mesmo, que estou exatamente praticando o contrário daquilo que estou escrevendo, numa clara demonstração de soberba, achando que escrevendo, sei mais que você, mas na verdade, não sei nada. Só sei que me veio esta mais esta inspiração e pensei em compartilha-la passando adiante como se fossem livros, pois acho um pecado adquirirmos sabedoria através de seu conteúdo e depois aposentá-los numa estante para pegar pó, enquanto poderíamos estar compartilhando-o com outras pessoas.

O certo é que podemos sim nos tornarmos iluminados, já que a prática constante da reflexão é que nos liberta da ignorância e nos torna sábios, e a sabedoria aliada a caridade à todos os seres sencientes, nos eleva a mundos nunca antes imaginados. Vamos praticar a empatia equalizando nosso eu com os de nossos semelhantes, mesmo que este semelhante não seja tão parecido conosco, alias, quanto mais diferente for, melhor, ainda mais se estes andarem pelas sombras do vale da morte ou da ignorância, pois tornam-se os mais necessitados de de compaixão, solidariedade e amor.

Estamos no mesmo plano, no mesmo tempo e praticamente compartilhando o mesmo espaço, o mesmo ar, as mesmas fontes de alimento e sabedoria, portanto sejamos cúmplices e culpados de uma nova era, de um planeta melhor, praticando o bem e tendo atitudes positivas, fazendo o que é correto, pois nosso exemplo reflete na sociedade e nas pessoas que se chegam a nós.

Por um mundo com mais reflexões positivas

Namastê

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