Os meus 11 de setembro

Hoje o mundo lembra a cena triste do grande atentado contra as torres gêmeas em Nova York, onde centenas de pessoas morreram em decorrência dos aviões jogados sob os prédios por membros da Al-Qaeda, em contrapartida, eu lembro que neste exato momento, eu dormia em casa, e sonhava o sonho mais lindo de minha vida, que estará marcado em minha mente para a eternidade, apesar das vicissitudes da noite anterior.

Como de costume, trabalho o dia todo concentrado em meus afazeres, e ao final do dia fico física e mentalmente esgotado, e para relaxar, saio andando pelas ruas com o pensamento no nada, vou orando, espiando as meninas bonitas, olhando prédios, ruas, e vou curtindo a vida, como se fosse uma procissão em homenagem a dádiva divina concedida por Deus a mim.

Nesta época acontece aqui no Rio Grande do Sul, a grande festa dos gaúchos, onde comemoramos a Semana Farroupilha por vinte dias, isso mesmo, a semana que dura mais de vinte dias, e assim, regada a todas as tradições gaúchas, a festa acontece praticamente todos os dias, com muito comida típica, como churrasco, arroz de carreteiro, vaca atolada, e lógico, com muita bebida, dança e prosa (conversa fora).

Eu já vinha ha algum tempo tendo problemas em meu relacionamento na época, e na minha caminhada deste dia me dirigi ao Acampamento Farroupilha, onde ficam os diversos barracões que chamamos de piquetes. Chegando lá, fui passear pelos bequinhos que dividem aquelas centenas de casinhas construídas ali, e passando numa aqui, noutra acolá, acabei passando na frente de uma que era habitual na época, e qual não foi minha surpresa ao olhar para dentro e encontrar minha então namorada dançando bem feliz com um gaudério (gaúcho vestido com trajes típicos). Foi a gota d´água para que eu desistisse do tal relacionamento de vez, e parti-se para outra. Sai dali decidido a nunca mais me relacionar com ela novamente, e sem rumo, fui a busca de um lugar onde pudesse afogar as mágoas. Na caminhada passei em vários lugares, mas só me achei num barzinho chamado Bar Copão, na Avenida Lima e Silva, na Cidade Baixa, bairro boêmio da cidade, onde eu sempre encontraria alguém conhecido para espairecer.

Estava lá sentado com amigos, quando passaram por nós três moças louras que chamaram muito nossa atenção, e como minhas mágoas já estavam bem afogadas em álcool, estava pronto para esquecer todo o passado recente e recomeçar tudo de novo, foi quando uma da moças levantou-se para ir ao toalete, e ao passar comentei que havia gostado da amiga dela. Quando ela voltou eu já olhava para a amiga, e ela sentou-se, olhou para a outra amiga, sem ser a que eu estava olhando, e passou o recado que eu havia dado. A moça agradeceu e em seguida já estávamos nos conhecendo, ficando e saindo de mãos dadas. Já era madrugada do dia 11 de setembro, ela morava próximo, e no caminho da casa dela, passamos numa encruzilhada, o sinal estava fechado para os veículos, e adivinhem quem estava dentro do carro, sim, a minha ex. Foi o maior barraco, e naquele momento definitivo troquei um amor por outro amor, e em ambos tive aproximadamente quatro anos de convivência de muita paixão, aprendizado, carinho e cumplicidade.

Fui para casa depois de um dia repleto de emoções fortes, tantas quanto tive hoje ao ser surpreendido por gritos vindos dos corredores do prédio onde trabalho, o qual estava incendiando uma das salas. Naquele dia era meu coração que havia incendiado de várias formas, de tristeza, de magoa, de alegria, de surpresa, de espanto e de muitas outras formas.

Deitei e no meio da madrugada tive um sonho real, pois acordei sem estar acordado, na minha frente uma luz fulgurante, de enorme radiação mas que aos poucos tomava forma, e Nossa Senhora se fazia presente para mim, e com a suavidade da brisa ela falava comigo sobre algo muito importante que estava acontecendo, foi quando o meu despertar tornou-se real, e extasiado levantei e fui correndo no quarto de minha mãe contar o sonho. Fiquei muito emocionado, chorei, rezei e de imediato liguei a televisão, foi quando a Rede Globo estava transmitindo direto de Nova York que um avião havia batido nas torres, boquiaberto fiquei ali estático vendo aquela cena, foi quando veio o outro avião e de uma vez por todas acabou explodindo os prédios.

No incêndio de hoje em meu prédio, novamente os pensamentos borbulharam em minha cabeça, avaliando as coisas da vida, as futilidades em que as pessoas vivem, e de como é importante amarmos a todos por igual. Lógico que é bom ter um amor, mas se tivermos muito amor, por muitas pessoas, seremos eternamente abençoados com ocasiões maravilhosas, e neste momento, quero compartilhar com vocês, a minha alegria de ter centenas de amigos, um bom emprego, uma casa, alimento, roupas e tudo mais que desejo. Obrigado Deus por tudo.

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