Carta ao Destino


Uma cidade, um dia, um mês, um ano qualquer.

Prezado senhor Destino.

Antes de qualquer coisa, quero agradecer por sua disponibilidade em ler esta humilde cartinha. Serei redundante em agradecer novamente, só que desta vez, vai ser por tudo que o senhor proporcionou-me até hoje, desde este corpo saudável, minha mente capaz de armazenar as mais diversas informações, o magnetismo que atrai milhares de amigos e tudo mais que conquistei até hoje.

Amigo, se é que posso lhe chamar assim! Gostaria de consultá-lo a respeito da seguinte situação: quando minha vida está às mil maravilhas, com um bom emprego, cercado de gente importante, uma bela companheira ao meu lado, e uma folga no meu orçamento, porque tenho sempre amigos ao meu lado?

Nestas fases, posso fazer as brincadeiras mais esdrúxulas e ofensivas, que para eles não passam de graça. Posso estar cometendo as maiores atrocidades, que eles continuam fazendo comentários positivos a meu respeito. Espalham que são meus grandes amigos, ligam para outros falando de mim (mesmo que negativamente). Porém, quando minha vida sofre intempéries, devido a uma possível instabilidade profissional ou sentimental, ninguém mais me procura, e me deixam no ostracismo da introspecção, que em geral, acontece na clausura de meus pensamentos.

Será que estas pessoas se chegavam somente por interesse? Ou elas realmente gostavam de mim, e estão em algum lugar distante, rezando para que minha vida volte a ter o mesmo brilho de outrora?

Se esta segunda opção é a verdadeira, peço-lhe a gentileza de encaminhar ao Grande Criador o pedido de que ele abençoe as orações dos meus amigos, que tanto torcem por mim. Assim como as orações que vivo fazendo para eles, pedindo para que tornem-se pessoas melhores, afim de que seus descendentes tenham neles um exemplo do grande herói do passado.

Agradeço pela terceira vez consecutiva, por tudo que conquistei, desde os amigos verdadeiros, aos tropeços, pois sem eles eu não saberia que deveria pular da próxima vez.

Atenciosamente,

Alguém esquecido.

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