Só queria, mas não posso


Só queria sair por ai sem destino, contemplar o ar, o sol, o mar, a montanha, a natureza, sem precisar voltar e nem dar satisfação da minha vida pra ninguém, mas antes de tomar qualquer atitude intempestiva, é preciso saber quais são  as consequências de meus atos em relação ao meu futuro e o das pessoas que me cercam.

Os destinos estão todos ali a poucos quilômetros de distância, mas para dar o primeiro passo em busca do prazer imediato e temporário, é preciso respeitar o resultado de minhas escolhas até presente momento, pois a minha liberdade só consegue ir até onde começa a dos outros. 

Neste mundo egoista nunca seremos prioridade para as pessoas, mas precisamos estar sempre tentando agradar os outros, pois do contrário causamos desconforto alheio mesmo que não façamos nada, aliás, nosso silêncio e aquietação incomodam ainda mais aqueles que nos circundam.

Se trabalho preciso respeitar a complexa rede de pessoas que estão conectadas a minha atividade, e o mesmo acontece se coordeno qualquer projeto, se faço parte de uma família, de um grupo e por ai adiante. Geralmente somos essenciais mas descartáveis, pois ninguém é insubstituível e na primeira oportunidade somos trocados pelo novo, pelo desconhecido, que apresenta mais possibilidades de mudança.

Então, se somos dispensáveis, porque temos que nos apegar, nos dedicar, e abdicar de nossa liberdade em detrimento do bem estar alheio? Deixamos de usufruir de nossos proventos pra compartilhar uma infraestrutura que ficará no tempo e espaço quando não formos mais necessários, abrimos mão de estar com amigos, em festas, viagens, de conhecer novos lugares, ou de simplesmente não fazer nada e lugar algum.

Os grandes mestres afirmam que toda materialidade, apego, ego, fazem com que não consigamos atingir a iluminação, neste sentido acredito que nossa condição humana não tem brilho, não tem energia, nos apaga.

Eu quero, eu preciso, eu gostaria, nos levam a esta condição nebulosa de vida, ainda mais quando for para saciar além de minhas necessidades, a dos outros que estão conectados em nossa órbita. Nosso fardo já é pesado, então imagina quando carregamos outros tantos sobre nossas costas.

É preciso muito cuidado nas escolhas de vida, pois carregamos conosco tudo aquilo que decidirmos fazer aos outros, e em geral a recíproca não será verdadeira, pois eles não farão o mesmo por você e nunca te ajudarão a carregar seu fardo, nem serão gratos pelo tempo que você dedicou a eles.

Enquanto puder, fuja de fazer aos outros o que eles não farão por você, e sempre que possível mantenha-se desapegado, livre e feliz, pois depois que você abdicar de você para cuidar dos outros, será um caminho sem volta, que cessará somente no momento que alguém partir.

Namastê

@AdilsonDi

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