terça-feira, 7 de maio de 2019

POR DETRÁS DO RISO.

Respeitável público, o Circo da Vida agradece a vossas presenças e espera que todos tenham apreciado o espetáculo.

A platéia aplaude, os artistas se reverenciam em agradecimento, as cortinas se fecham, as luzes se apagam, e chega o momento de deixar o personagem no camarim. Nos bastidores sombrios, cumprimentam-se, despedem-se, desmaquilham-se, e, de repente, a face nua de cada um se iguala à dos demais.

Agora, o cidadão comum, que antes era o espectador, também observa. Ele reflete sobre as apresentações alheias, analisando, questionando. Qualquer um pode ser um artista em potencial, pronto para ser aplaudido ou criticado. Tudo depende de estar ou não de acordo com as expectativas dos outros. Se você se alinha ao que esperam, será aclamado. Mas ouse divergir do status quo e será rapidamente reprovado.

Como agradar a gregos e troianos? A pergunta ecoa, mas talvez a verdadeira questão seja: é realmente necessário agradar a todos? A resposta é não. Não precisamos viver para agradar. Se a soma dos quadrados dos catetos é igual ao quadrado da hipotenusa, isso nos ensina que há múltiplas maneiras de olhar o mundo. O que eu e você pensamos pode se assemelhar ao que outro pensa, ou podemos estar vendo metade do que o outro vê. Parece confuso, não? Mas é justamente isso que quero que você reflita. Escrevo para provocar o seu pensamento, não para oferecer respostas simples ou palavras que sejam apenas comuns e triviais. Se você chegou até aqui, nesse emaranhado de letras e elucubrações, é sinal de que compartilhamos algo, de que podemos nos admirar mutuamente.

Então, se tudo pode ser visto por diferentes prismas, por que se preocupar com a visão deturpada dos outros, principalmente quando são diferentes de nós? Nossas somas podem ser iguais, e em muitas coisas podemos ser semelhantes, mas, no fundo, temos cores, aromas, conceitos e expectativas diversas.

O palhaço que cambaleava no picadeiro, provocando gargalhadas, no mundo real tropeça. O malabarista que parecia controlar dezenas de objetos ao mesmo tempo, com destreza e graça, na vida cotidiana enfrenta o desafio de equilibrar suas responsabilidades. A performance no palco é apenas uma fachada para as dificuldades e incertezas que todos enfrentam nos bastidores da vida real.


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