GRATIDÃO - 47 anos de coisas boas

GRATIDÃO - 47 anos de coisas boas, lógico que com alguns percalços, mas nada que muda-se minha alegria de viver. Nasci numa família guerreira e cheia de amor, sobrevivente de enchentes, peleias, migrações, preconceitos e muitas outras questões, mas que nunca deixou de lutar e acreditar em dias melhores para todos. Aprendi desde cedo amar incondicionalmente o Ser Supremo do Universo e a todas criaturas neste plano. Aprendi que é muito mais importante doar do que receber, que é mais importante amar que ser amado, em suma, Francisco de Assis resume todos ensinamentos de meus antepassados em sua oração. Ao longo dos anos minha família aumentou, não só com os consanguíneos, mas com os afins, que mesmo de diferentes etnias, preferências, nuances, gênero ou condição social, agregaram-se ao meu ser. Lembro-me de quando muito menino, eu tinha um casal de melhores amigos, que tinham sob sua cama um esgoto corrente, numa casa sem piso, sem forro, coberta com zinco todo furado e que em dias de chuva transbordava e tomava toda sua casa, sem falar no lixo e nos bichos que vinham, e mesmo assim este nunca deixou de ser querido por mim e por toda minha família. Lembro-me como se fosse hoje, de minha mãe colocando aquelas crianças magras, cheias de feridas, roupas surradas, na mesma mesa que eu e meus irmãos. Incontáveis vezes minha mãe cortou-lhes o cabelo, tirou-lhes os piolhos, deu-lhes nossas roupas, e as vezes comida para levarem para casa. O tempo e as necessidades os levaram para longe, nem sei seus destino, mas estes e outros tantos foram recebidos de portas abertas na minha casa, recebendo o mesmo carinho e as coisas que tínhamos em nosso lar. Foram centenas de pessoas que pediam migalhas e recebiam o todo que podíamos dar. Cada qual independente de condição social, raça, credo, participou de minha formação enquanto cidadão. Costumo dizer que nunca fiz amigos tomando leite ou tendo consensos, pois fui forjado na convivência nem sempre amena com meus semelhantes, pois ninguém cria uma personalidade forte como tenho, sendo um covarde e fugindo do embate. Acredito que a justiça tenha que ser feita acima de qualquer coisa, por isso não aceito condenações prévias de pessoas de minha convivência, sem que estas possam se defender e contrapor. Os anos passaram-se e infinitas pessoas foram agregando-se fraternalmente a minha vida. Os amigos viraram irmãos, viraram almas gêmeas, viraram exemplos. Pessoas livres de conceitos, preconceitos, vergonhas, medos... Cada um na sua mas com alguma coisa em comum. Na colcha de minha vida, cada um trouxe seu pedaço, seu retalho, seu farrapo e juntos formamos um novo conceito acima dos conceitos. Na roda de samba, no pulo frenético do axé, no banguear do rock and roll, nos gestos descontrolados do punk, na melodia harmoniosa do pop, nas musicas lentas das reuniões dançantes, bailamos, rimos, confraternizamos e construímos um novo mundo. Um mundo de amizades acima de qualquer coisa, por isso agradeço a cada uma das pessoas que entrou, permanece, saiu, voltou, continua, em minha vida, pois sou o resultado do que cada um de vocês me proporcionou. Que venham as próximas experiencias com vocês e com aqueles que ainda estão por vir, e como diz o ditado adotado: "nada é tão bom que não possa melhorar cada vez mais". Que o Grande Ser Universal fortaleça cada um de vocês que me quer bem. Namastê

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